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Cidades e a(s) crise(s)...

Cidades e a(s) crise(s)...
Luiz Gustavo Comeli
abr. 16 - 4 min de leitura
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Aprendi ouvindo os urbanistas, economistas e outros mestres, como o prof. Mariano Macedo, que sempre devemos perguntar: qual o impacto no meio urbano?

Revoluções industriais, urbanas, refugiados, crises humanitárias, catástrofes naturais, vão e vem ao longo de toda a história da sociedade. 

Um terremoto altera a configuração urbana, gera transformações na infraestrutura de cidades e regiões. 

Uma crise econômica como a de 2008, gera sérios impactos na dinâmica de circulação e troca de mercadorias, comprometendo as relações estabelecidas, restringindo o acesso e a disponibilidade de recursos.

Uma crise de saúde como a peste-negra e agora a Covid, muda o comportamento da população, seus hábitos, restringe sua mobilidade e o acesso a produtos e serviços.

E o que isso tem a ver com as cidades? Qual o impacto no urbano? Na relação com o cidadão? 

Investimento de governos para melhorar a infraestrutura de cidades para mitigar efeitos negativos de novas ocorrências. Realocações de população das áreas de riscos. Planos de contenção para catástrofes. Leis e instrumentos legais para regulamentação de novas práticas. Mecanismos de distribuição de renda, etc.

Seriam estes alguns exemplos de como lidar e aprender com estes eventos com grande impacto nas cidades, mas a realidade é bem diferente. 

Olhando para o nosso quintal, o Brasil… não penso ser equilibrado usar referências internacionais para analisar o que estamos vivendo, a causa é a mesma, porém, as realidades locais são distintas em cada canto do mundo.

Hoje vemos como são parecidas as maneiras com que cidades lidam com suas mazelas historicamente e, como os resultados são tão diferentes para cada uma delas. 

  • Aquelas que priorizam o planejamento e a visão de futuro conseguem reagir melhor e mitigam os impactos de uma crise como esta que estamos vivendo. Já tem uma infraestrutura robusta que suporta melhor, física e financeiramente, períodos de crise. 
  • Aquelas que historicamente não priorizaram estruturar seus serviços básicos, sofrem dramaticamente para reagir e veem seus esforços se tornarem inúteis frente a uma crise como esta.  

Outra forma de perceber como as cidades respondem diferentemente às iniciativas de atendimento ao cidadão é a velocidade com que as medidas que implementam na crise chegam a população. 

Serviços onde era imprescindível a presença física do cidadão agora estão no mundo virtual, em tempo recorde. Diminuindo a circulação de pessoas, mas principalmente entregando mais valor para o cidadão. Serviços que caminhavam a passos de tartaruga, com toda aquela burocracia desnecessária, prazos preguiçosos, de repente, agilizados e na ponta dos dedos da população.

Descobriu-se por conta da dor causada pela crise que era possível fazer mais e melhor. Que bom! 

E o impacto no urbano? 

Nossos eternos problemas com saneamento básico explodindo a nossa frente. Rede e tratamento de esgoto, coleta de lixo, oferta de água potável… isso tudo tentando ser resolvido com álcool em gel. 

Serviços de saúde precários, sempre foram precários, tentando ser resolvidos com isolamento social.

Restrições para trabalho e geração de renda, tentando ser resolvido com programas sociais.

Isolamento social na periferia, nas favelas onde a média de morador por residência é superior a 3 pessoas. Onde a renda per capita é inferior a 1/2 salário mínimo.

Esse é o impacto no urbano, a realidade de nossas cidades. As medidas  e protocolos estão sendo seguidos, mas os resultados são bastante diferentes em cada cidade.

E isso se deve porque historicamente, o caos da expansão urbana nas cidades carregam um passivo gigantesco para o futuro. 

O que torna muito mais complicado a resolução de crises. 

Que dos vários aprendizados que teremos, repensar as cidades e seus cidadãos seja um deles.

Luiz Gustavo Comeli   

 


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