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Educação e Inovação: conceito de outrora, olhares do agora.

Educação e Inovação: conceito de outrora, olhares do agora.
Jeff Nogueira
ago. 31 - 5 min de leitura
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A pandemia pela COVID-19 trouxe para o mundo, junto às crises sanitária e econômica, uma crise educacional. A UNESCO confirmou que 1,5 bilhão de estudantes deixou de frequentar as salas de aulas, situação que desafiou a política educacional para a implementação de rotinas que mitigassem as perdas previstas ao aprendizado dos alunos. Nesse cenário, as discussões sobre inovação na educação foram elevadas ou retomadas com maior intensidade.

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Assim, para uma reflexão mais adequada sobre o tema, faz-se necessário sublinhar pontos de destaque do conceito de inovação. Ele diz respeito, primordialmente, a um fluxo de relações em favor de um objetivo, para gerar resultados sustentáveis. Tal dinâmica tem por base uma mudança de cultura no trato entre finalidades e problemas, onde a inovação estimula, por diversos meios, a desobstrução de questões que impedem o alcance de algum propósito. Ou seja, inovação, como frequentemente se pensa, não diz respeito apenas a tecnologias. 

Com base em algumas literaturas publicadas pela OCDE* (2005) e por autores como Tidd, Bessand e Pavit (2008), o conceito de inovação comporta palavras como pessoas, tecnologia, tempo, ideias e recursos financeiros e estruturais. Seguindo este norte, observamos que a inovação abrange um ecossistema que deve dialogar com realidades, problemas e anseios, criando pertencimento por partes dos indivíduos que o integram com aquilo que se almeja. Por isso, a inovação também se relaciona ao engajamento, à busca de conhecimento, ao compartilhamento de ideias e à compreensão comunitária. 

No Brasil, com os desafios imposto pela pandemia, muito se falou sobre um atraso de inovação na educação. Isso porque, a prática do ensino não presencial indicou o uso de tecnologia da informação como meio estratégico para ampliar as oportunidades de aprender no novo modo de ensinar. Junto a isso, a desigualdade digital no país foi atualizada em números exponenciais. Nessa circunstância, contudo, reside uma oportunidade de se aplicar melhor o conceito de inovação na perspectiva da educação, em particular na educação básica pública. 

De fato, a tecnologia da informação é, indubitavelmente, de suma importância para a educação no século XXI. Mas, o debate sobre inovação tem uma colaboração maior para área quando ele é concebido como um potencial para gerar conexões com vistas à superação de problemas a partir do engajamento das comunidades escolares. 

Num pretérito recente falou-se da necessidade de se alterar o modelo de ensino mudando o centro do processo de aprendizagem do professor para o estudante (CHRISTENSE; HORN; JOHNSON; 2012). Na ocasião, o desafio consistiu em buscar formas para garantir que toda a diversidade presente nas salas de aula fosse contemplada no planejamento educacional e as metodologias de ensino fossem pensadas para atender as múltiplas formas de aprender. A inovação, portanto, cumpriu o papel de mobilizar esforços internos e externos à escola para a superação de várias questões que surgiram em torno desse propósito. Essa construção precisou considerar tanto pessoas quanto tecnologia, tempo, ideias e recursos disponíveis para perseguir o novo naquele período. 

Hoje, estes mesmos elementos são pertinentes. Entretanto, ainda é fundamental conceber que inovar é entrar em uma dinâmica de mudança de cultura e de mindset, imprescindíveis diante das transformação e intempéries que atingem a sociedade de forma esperada ou não, como é o caso da pandemia pela COVID-19.

Os olhares de agora ainda carecem de pensarmos a inovação na educação de modo a fortalecer o ecossistema de aprendizagem escolar, que é o conjunto que compreende a conexão entre os diversos atores da comunidade, garantindo um engajamento autêntico em torno do objetivo de formar cidadãos. 

Sendo assim, a crise educacional causada pela pandemia indicou que a compreensão sobre o papel e o resultado da inovação na área de educação precisa ser amplificada. Revisitar seu conceito é uma oportunidade de desenvolver um entendimento mais adequado acerca das contribuições mobilizadas pela cultura de inovação; tanto para auxiliar na construção de soluções para problemas históricos e atuais, quanto para dar maior sentido e significado humanitário à política educacional.

Sem nunca diminuir os danos causados por situações como a pandemia, é salutar lembrar que, como diz Leonardo Boff, as crises trazem consigo alguma oportunidade. E falar em oportunidade é revelar que para momentos como este gerarem aprendizados dependerá de como vemos, reagimos e quais elementos utilizamos para tratarmos as experiências que se impõem.

*OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 

 Jefferson Costa Nogueira. Publicitário e Analista de Comunicação da Empresa Maranhense de Administração Portuária - EMAP/Porto do Itaqui.  jefferson.nogueira@emap.ma.gov.br

Nádya Christina Guimarães Dutra. Pedagoga. Mestre em Educação e Secretária Adjunta de Educação do Maranhão. dutranadya@gmail.com


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