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O Médico Salvador de Mães e a Inovação

O Médico Salvador de Mães e a Inovação
Sthéfano Cordeiro
set. 4 - 6 min de leitura
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Contexto: O texto abaixo foi publicado originalmente em 21/05/2020 no meu perfil do Linkedin.


Era uma noite fria e chuvosa na Viena de 1846 e pela centésima vez ele estava chorando dentro de sua sala no Hospital Geral da cidade. Mais uma mãe perdia seu bebê horas após o parto. Mais um caso de febre puerperal e mais uma vez os colegas de profissão tratavam como um caso normal.

O Hospital Geral de Viena era um hospital escola onde os médicos aprendiam sua profissão fazendo cirurgias e partos. Dentro do hospital haviam duas maternidades, uma operada por médicos e outra por parteiras. As gestantes imploravam para não dar a luz na maternidade dos médicos, e preferiam ter seus filhos na calçada do lado de fora a ter que entrar. Isso se dava, pois, o número de mortes do que chamavam de febre puerperal era menor para mães que ganhavam filhos na rua ou com as parteiras.

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Os médicos do hospital não estavam ligando muito para essa estatística e continuavam fazendo partos, exceto para o protagonista no primeiro parágrafo. Ignaz Semmelweis após muita observação, acreditou que se os médicos lavassem as mãos antes dos partos poderiam diminuir a mortalidade.

Isso mesmo, os médicos em 1846 não lavavam as mãos antes dos procedimentos cirúrgicos, pois ainda não havia sido confirmada a teoria dos germes pelo Louis Pasteur. Os médicos que faziam partos, eram médicos residentes, que saíam das aulas experimentais do necrotério e iam direto para as salas de parto, muitas vezes com as roupas sujas de sangue.

Semmelweis chegou a implantar uma rotina para que os médicos lavassem as mãos antes dos partos, com uma solução de cloro diluído. Nos primeiros meses a mortalidade despencou, mas seus colegas ficaram irritados com este absurdo “Médicos são cavaleiros de mãos limpas”. E então pararam de lavar as mãos.

Apesar dos índices de morte caírem drasticamente, sendo comparados aos índices das parteiras, Semmelweis não conseguiu explicar cientificamente o porque precisavam lavar as mãos e então a prática foi abandonada. Nosso protagonista, antes um médico em ascensão no hospital, caiu em descrédito e foi perdendo lugar até ser demitido. Foi diagnosticado com loucura, colocaram-no no manicômio onde morreu duas semanas depois.

Hoje é considerado o “Salvador de Mães” e precursor dos cuidados antissépticos, salvando mais de 500 mulheres e seus bebês da morte por febre durante o período em que impôs a lavagem das mãos.

Muitas pessoas, conhecidas ou não, tiveram que quebrar paradigmas para que pudéssemos ter acesso à tecnologia em todos os campos de estudo como temos hoje em dia. Na época de Semmelweis se acreditava que as doenças eram geradas dentro do próprio corpo, quando seus líquidos e órgãos estivessem desajustados. Não se acreditava que um ser, ainda mais microscópico, pudesse sair dos mortos e contaminar alguém vivo.

As criações disruptivas acontecem na maioria das vezes, não por mero acaso, mas por que alguém enfrentou o status quo, os paradigmas sociais ou da ciência. Enfrentou frases como: “O homem nunca voará como um pássaro” ou “Não dá para fazer” ou ainda “Isso nunca vai vender”.

Pessoas que quebram paradigmas num primeiro momento, rotuladas de malucos ou chatas, nunca como inovadores ou heróis. Muitas vezes morrem sem saber que sua invenção ou questionamento estava certo e que ele foi precursor de uma área da ciência ou pioneiro.

Paradigmas são quebrados todos os dias, por pessoas normais como eu e você. Não precisa ser um gênio para lançar uma ideia nova ou produto novo. Basta apenas observar, construir, testar e lançar.

Uber e AirBnB (ao menos antes da pandemia) quebraram paradigmas ao questionar a necessidade de posse de um carro ou imóvel, ou ainda a de ter que pegar um táxi ou pagar uma diária de um hotel, se tornando a maior frota de táxi do mundo e a maior rede hoteleira respectivamente.

Comece a questionar as coisas que você faz todo dia. O porque você tem que fazê-las e também porque você precisa de um jeito específico para fazer. As pessoas ficam extremamente incomodadas com coisas e pessoas que fogem do padrão.

Então, não se preocupe se você é o único da sua empresa que vê o quanto um dos seus processos é lento e sem razão. Se você é o único que enfrenta o status quo, se você é o único que quer mudar as coisas por aí. Você não está sozinho, alguns de nós também temos essa sede por questionar o porquê o das coisas.

Deixo com vocês o vídeo da propaganda da Apple de 1997, intitulada Think Different:


Sthéfano Cordeiro

Apaixonado por tecnologia, inovação e transformação digital. Seu propósito é hackear o futuro para ajudar pessoas a tomarem melhores decisões e construir organizações preparadas para o que está por vir.

Mineiro devorador de queijos e livros. Um hacker no melhor sentido da palavra, autodidata em constante evolução e um minimalista em treinamento. Produz o podcast Profissionais do Futuro com episódio semanais.

Formado em Administração de Empresas com ênfase em Whatever. MBA em Finanças e Controladoria e também em Engenharia de Sistemas. Especializado em Inteligência Artificial pela Data Science Academy e vencedor do Hackathon BB em 2015. Agile Coach Certificado pelo Agile Institute Brazil e escolhido como Talento em Analytics pelo Banco do Brasil em 2018.

 


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