A pergunta do título é inquietante, sem resposta e promoveu uma corrida frenética de visões de futuro propostas por novos teóricos emergentes. Mas o fato é: não sabemos. Por não saber, por não conseguir prever com precisão, tudo pode acontecer e isso é assustador, mais que qualquer lockdown.
A pandemia do coronavírus atingiu em cheio nosso modo de vida atual, hoje, não podemos ir e vir com a tranquilidade e liberdade de dezembro de 2019, um passado de apenas 6 meses que impôs uma claustrofóbica reclusão.
Mas então, o que esperar? Se prever é um salto no incerto? É possível olhar alguns sinais, escritos nos últimos dois ou três anos, talvez menos e considerar que o coronavírus possa estar “acelerando alguns futuros”.
Vou partir daqui: Em uma matéria publicada pela IBM Brasil em dezembro de 2019, a gigante de tecnologia citou 5 prováveis tendências que impactariam nossas vidas a partir de 2020: Dados em Nuvem, Inteligência Artificial, Blockchain, Segurança, Hardware e Serviços. Citei este dado em uma matéria recente para um portal e acrescentei: Realidade Aumentada e IoT (Internet das Coisas)[1]. São tecnologias que estão sendo desenvolvidas e implementadas em diversos segmentos sociais, mas com uma velocidade média, é provável, que se acelere este processo e temos alguns exemplos:
1)- Teleatendimento: A discussão sobre o uso de ferramentas tecnológicas na medicina não é nova e a batalha para regulamentar este serviço há tempos vem sendo travada nas trincheiras da burocracia. Com a nova realidade, que nos impões o “afastamento social” sua utilização foi facilitada. Mas não se engane, tão logo haja uma estabilização do cenário, a regulamentação virá porque este já é um caminho sem volta.
2)- Digitalizar o processo de transações bancárias: Você já deve ter visto nos noticiários as filas enormes em frente as agências bancárias, pois bem, como evita-las ou reduzi-las? Provavelmente, realizando as operações de forma remota via aplicativo com eficiência, assunto em que alguns bancos são ineficientes.
3)- A busca por novos “bichos”: Se você é do ramo das startups, fique atento a esta expressão: Camelo. Em matéria de 1/5/20 publicada na Veja o professor do IBMEC e sócio-diretor da EMF Consulting, Edson Machado disse: “Os investidores estão procurando um novo bicho: o camelo, que anda grandes distâncias com pouca água e sobrevive 100 anos”[2]. O novo mercado quer soluções disruptivas ainda, mas com solidez, resiliência e equilíbrio financeiro.
4)- Novos comportamentos: Em seu livro ‘A PESTE’, Albert Camus (1913-1960) o autor descreve, entre outros aspectos, uma “sociedade doente e enferma” revelada pela peste. Preste atenção ao seu redor, talvez você verá exatamente a mesma coisa. A COVID-19 expõe de forma dura as desigualdades sociais há muito existentes em nossa sociedade pressionando todos nós a criarmos mudanças significativas no estilo de vida e na forma como nos relacionamos uns com os outros independente das “castas” vigentes.
Neste mundo transformado, não um novo mundo, continua sendo o mesmo, em que verdades sólidas evaporam mais rápido que água em ebulição e novos cenários são pintados como figuras abstratas saídas dos quadros de Piet Mondrian ou Alfredo Volpi, é talvez impossível antecipar ou prever as revoluções que se alastram por minuto.
Prof. Dr. Cristiano Teodoro Russo
Professor Adjunto no curso de medicina da PUCPR e Coordenador da Aceleradora Hotmilk da PUCPR, ambos no Campus Londrina. Presidente do Grupo Salus, governança do setor de saúde de Londrina.
FONTES:
Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_Pirata_ao_Vivo
- https://ricmais.com.br/noticias/inovacao/panorama-da-inovacao-no-parana-episodio-londrina/
- https://veja.abril.com.br/economia/a-bolha-das-startups-estourou/